Anônima porque ficou assim, sem nome...
Anônimas foram muitas tentativas para encadenar essa via, primeira escalada/projeto meu em Corupá, desde que comecei com este vício de escalar, mais precisamente no dia 02 de janeiro de 2010, no Braço Esquerdo (que é em São Bento do Sul, no mapa)... mas consegui!
Divagando sobre nossas possibilidades como seres humanos, dotados de uma máquina perfeita que executa o que a cabeça determina, reparei que só conseguimos o máximo da performance de nossa máquina com a repetição. Somos seres que necessitam destes ciclos... Repetidos... Realizados vezes e vezes. Até ficarem dominados. Sólidos. Fáceis e banais, começam a ser substituídos. Ficam "automáticos"...
Partindo deste raciocínio imagino que, se cada ser humano dedicasse seu tempo, energia, trabalho, $, repetidamente, somente ao que tem aptidão, ao que gosta ou ao que o motiva, o mundo seria mais ameno, as frustraçōes seriam menores, o real do ideal não estariam tão distantes.
Cada um tiraria o máximo de sua existência e não ficaria em conflito ao ter que decidir que tipo de vida levaria, baseado muitas vezes em modelos impostos pelo mercado, focado para o consumo.
Vejo muitas pessoas trabalhando muito, correndo muito, comendo muito, consumindo muito, e tendo muito menos tempo, prazer e saúde do que se estivesse vivendo focado somente no que o abastecesse de energia e vitalidade através da satisfação gerada após a conquista de mais um "degrau" em sua escalada da vida.
Acho que por estar programado para repetir, repetir, repetir, é que todos os anos querem que a data (repetitiva) do Natal seja comemorada de forma repetitiva com toda a familia reunida, como sempre, para repetir aqueles dias em que convivia-se com todos os integrantes da familia vivendo na mesma casa. Mas a vida de todos muda e querem, a cada Natal, que a imagem congelada de um tempo em que toda a familia vivia na mesma casa se repita. A mesma ceia, mesma forma de dar os presentes, a mesma árvore com os mesmos enfeites (agora vindos da China) , com as mesmas músicas, repetindo, repetindo, repetindo...Repetidamente espera-se o Natal para ligar praquele amigo, pra lembrar daqueles que passam fome, para pintar a casa, lavar a calçada e as cortinas, comprar um "presentinho, uma lembrancinha" praquele, praquela... Uiuiui!
E ano novo então? Sempre, repetidamente, aquela promessa que não se cumpre há mais de 5 anos, colocada na repetitiva lista (pegue a "lista" dos últimos 3 anos e compare... Qualquer semelhança, mera coincidência...) Prometemos de novo... Sem nos comprometer... Só porque é tradição... De quem?
Escalar é um desafio para mim. Ter iniciado nesta modalidade tão exigente, que demanda tanto vigor físico quanto mental, aos 35 anos é muito interessante. As agarras dispostas na rocha orientam o espírito. Os posicionamentos só dependem de mim, de onde estou e aonde quero chegar. O corpo é o meio, comandado pela mente. São nossos referenciais, desapegados das comparaçōes passadas dando passagem ao instintivo (des)apego à vida... Conhecemos e desconhecemos nossos limites na escalada, sentindo o vento, olhando de cima, aproximando nossa respiração aos suspiros da rocha. O corpo cansa, descobre sensaçōes... Descansa no êxtase da conquista. Motiva e desmotiva. Monta e desmonta. Conceitos de vida, olhares, valores.
Quero escalar montanhas.
Ser capaz de reduzir o zoom, do olhar procurando um ponto mais alto na linha do horizonte até cada mineral que compõe a rocha, procurando a próxima agarra, o próximo desafio...
E comemorar, na volta do cume!
E repetir... repetir... conquistas...
Malhando a Anônima... Cadena em 28/12/2010!! Foto: Cayana da Silva |
Então, a cadena (de verdade meeesmo), foi dia 11 de junho de 2011, GUIANDO a via!!! Kmon!! Foi uma sensação muuuito boa!!! Comemoração!!
E agora... continuar treinando, escalando, treinando, treinando... escalando...
Porque se você quiser escalar: TEM QUE ESCALAR!!!!
Comentários
Ah, o Pena que se cuide, tem nova fotógrafa na área.
Mais beijo.